Uma noite, em finais de Outono de 1930 ou princípios de 1931, Federico leu O Público a um grupo de amigos reunidos em casa dos Morla.
“Vais ver que peça! Atrevidíssima e com uma técnica totalmente nova. O melhor que já escrevi para o teatro.” […] Leu com entusiasmo e brilho, utilizando todos os registos vocais, matizando a entoação, dando um ritmo perfeito; mas, no fim, sobreveio um silêncio que não era motivado pela profunda impressão, mas antes pela desorientação e pela surpresa.
“Estupendo” – disse alguém –, mas irrepresentável.” E outro, mais sincero: “Eu, para ser franco, não percebi nada”. Finda a sessão, saímos juntos. Federico falava sem ressentimentos mas com segurança. “Não compreenderam nada, mas dentro de dez ou vinte anos, será um sucesso; hás-de ver”.
Rafael Martinez Nadal (publicado no programa do espectáculo O Público; uma produção do Teatro da Cornucópia, 1989)
21 horas
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