segunda-feira, 30 de maio de 2011

Leituras no Mosteiro: O Gato e o Rato (Carneiros), de Gregory Motton amanhã em São Bento da Vitória



A história é simples: Gengis, um merceeiro, por pura competição (e devido ao isolamento a que a mulher o vota, ao fugir de casa) decide passar a vender frangos mais baratos do que a loja do lado. Com esse gesto aparentemente banal constrói um império e passará a autodenominar-se imperador. O Tio e a Titi, fascinados com o poder e o dinheiro que consequentemente obtêm, apoiam-no em todas as suas políticas, por mais absurdas que s...ejam. […]. O tom é de farsa, Gengis é uma mistura de Arturo Ui em ascensão com Rei Ubu e os seus disparates. O caos que (se) vai construindo à sua volta é, cena a cena, mais refinado e dramático.
Pedro Marques – “Gregory Motton: a poesia das ruas”. Artistas Unidos: Revista. Nº 16 (Jun. 2006).

Gengis: O que é? É tão bonito!
Tio: É uma fotografia de um tremor de terra na Turquilândia, 10.000 mortos.
Gengis: Hm, se se segurar de pernas para o ar parecem estar todos descansadinhos em cima de montes de mobília. Onde é que fica a Turquilândia, podemos ir lá?
Tio: Lamento filho é demasiado longe. É uma terra sem fronteiras mesmo no coração de África.
Gengis: Que terra dourada! Achas que eles gostariam de comprar alguma coisa?
Tio: É possível, mas temos de ser rápidos. Ao tremor seguiu-se imediatamente uma terrível guerra civil.
Gengis: Céus! Temos que os ajudar!
Tio: E depois a fome.
Gengis: Que Deus tenha piedade deles!
Tio: Depois um surto da dívida nacional.
Gengis: Que Deus tenha piedade! O que é que fazemos?
Tio: Põe as tuas roupas num saco e vamos enviá-las junto com um comunicado à imprensa.
Gregory Motton – O Gato e o Rato (Carneiros). Porto: RÈS-Editora, cop. 1997.

21h

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