Né Barros
Os filmes seleccionados para este breve ciclo devem ser entendidos como uma hipótese perante a dança e a sua abordagem através do cinema ou do vídeo, e ainda, como um olhar múltiplo sobre essa relação. Quando a dança é captada e tratada pela técnica cinemática é literalmente transformada em Imagem. Nesta transmutação da dança em imagem povoada de corpos, muitos territórios de exploração se abrem, assim como, novos cri...térios de discussão se requerem. Projecções de dança funcionam duplamente como projecção efectiva de imagem e como evocação de novas formas dançantes. Ao longo das sessões serão apresentados filmes que se enquadram naquilo que comummente se chama de vídeo-dança, filmes que se expõem numa missão de “filmar a dança” e filmes documentários em que se pode simplesmente assistir a conversas sobre a dança.
Na primeira secção, vídeo-dança, serão apresentados três filmes que partem de princípios diversos para recriarem um novo objecto, mas que em todos se poderia também aplicar a categoria de vídeo-arte. “Story Case” de Filipe Martins, parte de um espectáculo homónimo para reinventar os vazios, os silêncios e os fragmentos das acções dos corpos e, assim, evocar um novo deserto, uma nova ficção sobre os lugares vazios e os caminhos solitários. Em “Tralala” a autora, Magali Charrier, constrói uma dança para a câmara onde os efeitos seleccionados são entendidos como princípios de construção coreográfica, onde, também aqui, a montagem serve a recriação de um universo ficcional possível apenas no reino da imagem filmada. Em “Mergulho” de Pedro Sena Nunes, assistimos ao mergulho literal de corpos e, nesse acto, o autor explora os potenciais expressivos do desenho e do fluir que apenas corpos submersos podem ter e é neste fruir que se reinventa uma possível dança.
Na secção Filmar a Dança, foram escolhidos dois filmes que com alguma subtileza permitem a fruição do espectáculo, mas, agora, em suporte cinematográfico. Olivier Assayas filma o espectáculo “Eldorado”do coreógrafo Angelin Preljocaj e o diálogo que se irá assistir entre Karlheinz Stockhausen e o próprio Preljocaj. “L’Aprés-midi d’un faune” é o outro filme dirigido por Dominique Brun e que por ser o próprio responsável pela reconstrução coreográfica do espectáculo, originalmente criado por Vaslav Nijinski para o texto de Mallarmé e a música de Debussy, o resultado final é, podemos dizer, bastante isento de posições que normalmente caracterizam um autor, no caso, um realizador propriamente dito. No contexto desta reconstrução, irá ser apresentado ainda uma conversa com Jacques Rancière que nos proporcionará um
bom momento de reflexão sobre o poema de Mallarmé que dará origem ao bailado”L’Aprés-midi d’un faune”.
A escolha das entrevistas com Stockhausen e com Rancière resultaram do facto de podermos partilhar dois momentos empolgantes por personalidades brilhantes que nos devolvem o prazer da dança, o prazer da criação que tantas vezes nos falham…
Não existindo qualquer pretensão de abrangência às questões colocadas, as sessões programadas apontam no entanto para exemplos que, para além de animarem essas mesmas questões, fazem claramente um elogio ao corpo dançante vigoroso, potente, dinâmico e poeta. Não são incluídas todas as formas de dança, impossível missão essa, mas são extractos de uma enorme matéria que é: a dança cheia de sentido e ao mesmo tempo perdida no seu sentido.
Ciclo de Cinema: Projecções de Dança
Programação: Né Barros
Design: Bárbara Veiga
Tradução de Conteúdos: Teresa Coutinho
Legendas: Pierre Jézéquel
Local: Auditório do Grupo Musical de Miragaia
Horários: domingo/17h e segunda/21h30
Apoios: Balleteatro, Grupo Musical de Miragaia
Bilheteira: 1€ (geral)
Inf + Reservas: confederacao.nit@gmail.com 966402012
Na primeira secção, vídeo-dança, serão apresentados três filmes que partem de princípios diversos para recriarem um novo objecto, mas que em todos se poderia também aplicar a categoria de vídeo-arte. “Story Case” de Filipe Martins, parte de um espectáculo homónimo para reinventar os vazios, os silêncios e os fragmentos das acções dos corpos e, assim, evocar um novo deserto, uma nova ficção sobre os lugares vazios e os caminhos solitários. Em “Tralala” a autora, Magali Charrier, constrói uma dança para a câmara onde os efeitos seleccionados são entendidos como princípios de construção coreográfica, onde, também aqui, a montagem serve a recriação de um universo ficcional possível apenas no reino da imagem filmada. Em “Mergulho” de Pedro Sena Nunes, assistimos ao mergulho literal de corpos e, nesse acto, o autor explora os potenciais expressivos do desenho e do fluir que apenas corpos submersos podem ter e é neste fruir que se reinventa uma possível dança.
Na secção Filmar a Dança, foram escolhidos dois filmes que com alguma subtileza permitem a fruição do espectáculo, mas, agora, em suporte cinematográfico. Olivier Assayas filma o espectáculo “Eldorado”do coreógrafo Angelin Preljocaj e o diálogo que se irá assistir entre Karlheinz Stockhausen e o próprio Preljocaj. “L’Aprés-midi d’un faune” é o outro filme dirigido por Dominique Brun e que por ser o próprio responsável pela reconstrução coreográfica do espectáculo, originalmente criado por Vaslav Nijinski para o texto de Mallarmé e a música de Debussy, o resultado final é, podemos dizer, bastante isento de posições que normalmente caracterizam um autor, no caso, um realizador propriamente dito. No contexto desta reconstrução, irá ser apresentado ainda uma conversa com Jacques Rancière que nos proporcionará um
bom momento de reflexão sobre o poema de Mallarmé que dará origem ao bailado”L’Aprés-midi d’un faune”.
A escolha das entrevistas com Stockhausen e com Rancière resultaram do facto de podermos partilhar dois momentos empolgantes por personalidades brilhantes que nos devolvem o prazer da dança, o prazer da criação que tantas vezes nos falham…
Não existindo qualquer pretensão de abrangência às questões colocadas, as sessões programadas apontam no entanto para exemplos que, para além de animarem essas mesmas questões, fazem claramente um elogio ao corpo dançante vigoroso, potente, dinâmico e poeta. Não são incluídas todas as formas de dança, impossível missão essa, mas são extractos de uma enorme matéria que é: a dança cheia de sentido e ao mesmo tempo perdida no seu sentido.
Ciclo de Cinema: Projecções de Dança
Programação: Né Barros
Design: Bárbara Veiga
Tradução de Conteúdos: Teresa Coutinho
Legendas: Pierre Jézéquel
Local: Auditório do Grupo Musical de Miragaia
Horários: domingo/17h e segunda/21h30
Apoios: Balleteatro, Grupo Musical de Miragaia
Bilheteira: 1€ (geral)
Inf + Reservas: confederacao.nit@gmail.com
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