domingo, 20 de março de 2011

Holiday em cena no Estúdio Zero de 24 a 27 de Março



É o regresso ao Porto da companhia australiana Ranters Theatre, dos irmãos Cortese (Adriano, o encenador; Raimondo, o dramaturgo) e dos talking heads ou tagarelas compulsivos que habitam o seu teatro. Visitaram-nos pela primeira vez em plena Capital Europeia da Cultura, num PoNTI que durou todo o ano de 2001; voltaram em 2003, à boleia de Coimbra – Capital Nacional da Cultura; e regressam agora, a bordo do Odisseia, para celebrar o teatro e o seu Dia Mundial. De Holiday pode-se dizer que é uma gentil provocação. Num pacato dia de férias, dois estranhos descansam junto a uma piscina. Nada têm para fazer, e provavelmente nada têm para dizer. Todavia, sob diálogos aparentemente inconsequentes e longos silêncios, circulam fantasias íntimas, ansiedades e culpas encapotadas, inquietações que se plasmam em inesperadas canções barrocas, cantadas a cappela pelos actores em calções de banho. Uma incursão nas complexidades do chamado “homem simples”, feita num frugal quadro cénico, uma das imagens de marca da companhia de Melbourne, a par do primado absoluto de uma representação viva.



Esta peça sobre nada contém magníficas camadas de temas estimulantes. Apesar de não sabermos nada de importante sobre estes dois homens, cada palavra e cada frase ganham muito mais sentido porque quem eles são, a sua identidade e relação um com o outro, é algo que está a ser construído instante a instante. Não há história, no sentido de uma narrativa em desenvolvimento, apenas uma sequência de momentos cristalinos que podem ir de aborrecidos a belos num só salto. O cenário de Anna Tregloan – uma caixa branca intensamente iluminada que contém a piscina, várias cadeiras e um par de bolas de praia – contradiz a complexidade que palpita sob a simplicidade aparentemente minimalista da peça. As interpretações de Lum e Moffatt são requintadamente moduladas e refinadas, produzindo um naturalismo que nunca parece forçado. Os irmãos Raimondo e Adriano Cortese têm vindo a criar uma poderosa obra sob a égide dos Ranters, e esta peça afável, de tonalidades subtis e intelectualmente rigorosa é claramente um dos seus melhores trabalhos.

John Bailey - The Age (19 Aug. 2007).



concepção e direcção
Adriano Cortese
texto
Raimondo Cortese
desenho de som
David Franzke
desenho de luz
Niklas Pajanti
cenografia
Anna Tregloan
interpretação
Paul Lum, Patrick Moffatt
produção
Ranters Theatre (Austrália)



De 24 a 27 de Março no Estúdio Zero

Quinta-feira a Sábado às 21h30

Domingo às 16h00 Duração aproximada 1:20


Atendimento e Bilheteira :
Informações 800‑10‑8675 (Número grátis a partir de qualquer rede)
22-3401910
bilheteira@tnsj.pt

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