quinta-feira, 17 de março de 2011

Exactamente Antunes em cena no Teatro Nacional S. João até 17 de Abril


“Nós não somos do século de inventar as palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.” Com Exactamente Antunes, é como se Jacinto Lucas Pires – concitado por Nuno Carinhas – respondesse ao apelo de Almada Negreiros, desencaminhando-lhe Nome de Guerra para a cena. Obra de uma prodigiosa frescura e ingenuidade, o romance instala-nos no percurso (ou carrossel) iniciático de Antunes, provinciano sacudido pelos acasos da sorte na grande cidade, que, entre o clube nocturno e o quarto de hotel, acumula a experiência bastante para concluir que… nenhum saber resulta da acumulação de experiência. Partilhando com Almada o prazer dos paradoxos e a lúdica reinvenção da linguagem, Jacinto Lucas Pires explora a teatralidade que informa este “espectáculo de um homem em luta livre consigo mesmo”, ora pirandellizando-o – por lá irrompe, em futurista fato-macaco, o Autor em busca da sua personagem –, ora brechtianizando-o, ao projectar em cena títulos de capítulos e outras sentenças, irónicas e desconcertantes. Nuno Carinhas assume, enquanto cenógrafo e figurinista, o papel de tridimensionar esta “obra-prima de desenho”, como lhe chamou David Mourão-Ferreira. A encenação, partilha-a com Cristina Carvalhal, num gesto de celebração do génio de Almada, para quem o teatro é “o escaparate de todas as artes”.




de Jacinto Lucas Pires

a partir de "Nome de Guerra", de Almada Negreiros

encenação Cristina Carvalhal, Nuno Carinhas

cenografia e figurinos Nuno Carinhas

desenho de luz Nuno Meira

desenho de som Francisco Leal

preparação vocal e elocução João Henriques

interpretação Joana Carvalho, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Mané Carvalho, Paulo Freixinho, Paulo Moura Lopes

produção TNSJ

classificação etária M/12 anos







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