Como na fábula, quem dá corpo a esta Bela Adormecida é alguém a acordar para o mundo. Chama-se Companhia Maior, não porque seja especialmente numerosa ou porque a sua actividade seja invulgarmente vasta, mas porque tem a particularidade (inédita, em Portugal) de ser constituída por pessoas – actores, músicos, bailarinos, e não só – que excederam já a fasquia dos 60 anos e se encontram afastadas dos palcos, dos ecrãs, dos microfones. Não se trata, contudo, de uma espécie de generation gap invertido. O espectáculo é assinado por um actor, dramaturgo e encenador nascido em 1977, Tiago Rodrigues, que encontrou no conto de fadas matéria-prima privilegiada para pensar as questões que informaram o gesto fundador da companhia: a passagem do tempo, o valor da experiência, o dom da memória, as segundas oportunidades. Variação contemporânea, em tom maior, de um clássico, Bela Adormecida compõe-se também do material decantado de histórias e experiências pessoais dos intérpretes, revelando-se em vozes mais roucas, cabelos brancos e óculos de ver ao perto.
16h
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