domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sombras de Ricardo Pais no Teatro Nacional São João de 17 a 19 de Fevereiro



Sombras de Ricardo Pais é e não é teatro. Tem o seu coração no Fado e inclui composições originais de Mário Laginha, mas – ao contrário do que acontecia em Raízes Rurais. Paixões Urbanas (1997) e Cabelo Branco é Saudade (2005) – a lógica dramatúrgica não advém exclusivamente da música. Sombras assenta num apurado guião de textos onde Frei Luís de Sousa e Castro detêm um valor matricial, e é atravessado pelos nossos fantasmas lendários, o gosto das pequenas histórias, a melancolia das variedades, o vigor do fandango, o prazer cénico de experimentar os opostos, o desdobramento dos olhares sobre nós próprios – e a força percussiva da mais alta literatura dramática. Após a assombrosa recepção em Novembro passado, e antecedendo a apresentação no Théâtre de la Ville (Paris), Sombras reaparece no seu palco originário. Três oportunidades apenas para avaliar da materialidade destes assombramentos e incandescências da nossa natureza teimosa e paradoxal. Definitivamente, como se dizia a propósito de Fados (1994), do mesmíssimo e sempre diferente Ricardo Pais, “a nossa alma é uma coisa concreta”.

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