segunda-feira, 7 de março de 2011

Leituras no Mosteiro: O Sonho, de August Strindberg amanhã à noite


O que há de inovador na literatura dramática onírica de Strindberg é a representação da realidade como sendo onírica. Durante o barroco, o romantismo e o simbolismo não se tinha representado a realidade mas um mundo de fantasia, de sonho ou de fadas. Durante o renascimento, a realidade fictícia era por vezes manipulada por alguma personagem da peça (por ex. Oberon em Sonho de Uma Noite de Verão, Próspero em A Tempestade, o Rei e...m A Vida é Sonho) de maneira que era, posteriormente presenciada como sendo um sonho pelos que eram alvos da manipulação. Em Para Damasco a realidade é constantemente manipulada pelo Eterno – até as alucinações do Desconhecido, que geralmente não têm representação cénica, são construídas pelo Eterno. Em O Sonho e A Sonata dos Espectros existe, porém, um deus em fundo – no primeiro caso de forma explícita com o deus Indra – mas ele criou de uma vez por todas o mundo com as suas leis e já não intervém. O Desconhecido, A Filha e O Estudante são constantemente atirados para as situações oníricas uma a seguir à outra – onírica no sentido em que de alguma forma rompe com o tempo e o espaço. Mas eles, a maior parte das vezes, não estão no mesmo nível de ficção que o onírico, e observam-no como espectadores de uma peça dentro da peça e são assim criadas as condições da sensação onírica nestas peças. Richard Bark, citado no programa do espectáculo Um Sonho (Teatro da Cornucópia, 1998)


21h
Mosteiro de S. Bento da Vitória

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