de Dennis Potter
tradução Daniel Jonas
encenação Beatriz Batarda
cenografia e figurinos Cristina Reis
música Bernardo Sassetti
tradução Daniel Jonas
encenação Beatriz Batarda
cenografia e figurinos Cristina Reis
música Bernardo Sassetti
desenho de luz Nuno Meira
assistência de encenação Sara Carinhas
interpretação Albano Jerónimo, Bruno Nogueira, Dinarte Branco, Elsa Oliveira, Leonor Salgueiro, Luísa Cruz, Nuno Nunes
co-produção TNDM II, TNSJ, Culturproject, Centro das Artes Casa das Mudas
um projecto Arena Ensemble
Atravessemos este sonho aflitivo de uma tarde de Verão pela mão do seu autor, o dramaturgo britânico Dennis Potter (1935-1994): “Quando sonhamos com a infância transportamos o que agora somos. Não é o mundo adulto escrito em letra pequena; a infância é o mundo adulto escrito em letra grande”. Willie, Peter, John, Raymond, Donald, Angela e Audrey brincam no bosque. Libertos da presença inibidora dos adultos, entregam-se a jogos de fantasia e selvajaria. Mas à medida que o jogo avança, a sua inocência ameaça perder-se para sempre… Miúdos de sete anos fisicamente dramatizados por corpos adultos, máscara ficcional que Potter engendrou para sublinhar os aspectos mais negros e mais ternos da imaginação das crianças, compondo um retrato ambivalente dessa “terra do azul” (paraíso perdido ou inferno reencontrado?) evocada no poema de A.E. Housman que lhe serve de mote e epílogo (irónico, ou talvez não). Com Azul Longe nas Colinas, peça escrita para televisão que a BBC estreou em 1979, a actriz Beatriz Batarda volta a sentar-se na cadeira da encenação, para materializar em palco estes ecos distantes de uma memória em eterna reconstrução.
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Comparada com a maioria das peças que escrevi, é de longe a mais simples na forma e no conteúdo, uma vez que decorre sem obstáculos, artifícios, diversões ou qualquer tipo de enredo secundário; às personagens – sendo crianças – é-lhes vedada eloquência, óbvia introspecção, retórica ou ainda os consolos úteis (e costumeira mentira dramática) de um pensamento minimamente articulado.
A única significativa excepção de enrugar a superfície do naturalismo (que, no geral, sempre considerei um charco estagnado, onde as ovas nunca chegarão a gerar girinos, muito menos sapos e príncipes) foi a minha decisão prévia de insistir que as crianças fossem representadas por adultos. Quase escrevi “crescidos”, mas percebi então que estava a falar de actores, que muito provavelmente devem a parte mais significativa do seu talento ao narcisismo devastador do “Olhem para mim!”, que mantém a maioria deles – incluindo os octogenários – enredados numa adolescência emocional.
Dennis Potter – In "Blue Remembered Hills and Other Plays". London: Faber and Faber, 1996. p. 39.
assistência de encenação Sara Carinhas
interpretação Albano Jerónimo, Bruno Nogueira, Dinarte Branco, Elsa Oliveira, Leonor Salgueiro, Luísa Cruz, Nuno Nunes
co-produção TNDM II, TNSJ, Culturproject, Centro das Artes Casa das Mudas
um projecto Arena Ensemble
Atravessemos este sonho aflitivo de uma tarde de Verão pela mão do seu autor, o dramaturgo britânico Dennis Potter (1935-1994): “Quando sonhamos com a infância transportamos o que agora somos. Não é o mundo adulto escrito em letra pequena; a infância é o mundo adulto escrito em letra grande”. Willie, Peter, John, Raymond, Donald, Angela e Audrey brincam no bosque. Libertos da presença inibidora dos adultos, entregam-se a jogos de fantasia e selvajaria. Mas à medida que o jogo avança, a sua inocência ameaça perder-se para sempre… Miúdos de sete anos fisicamente dramatizados por corpos adultos, máscara ficcional que Potter engendrou para sublinhar os aspectos mais negros e mais ternos da imaginação das crianças, compondo um retrato ambivalente dessa “terra do azul” (paraíso perdido ou inferno reencontrado?) evocada no poema de A.E. Housman que lhe serve de mote e epílogo (irónico, ou talvez não). Com Azul Longe nas Colinas, peça escrita para televisão que a BBC estreou em 1979, a actriz Beatriz Batarda volta a sentar-se na cadeira da encenação, para materializar em palco estes ecos distantes de uma memória em eterna reconstrução.
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Comparada com a maioria das peças que escrevi, é de longe a mais simples na forma e no conteúdo, uma vez que decorre sem obstáculos, artifícios, diversões ou qualquer tipo de enredo secundário; às personagens – sendo crianças – é-lhes vedada eloquência, óbvia introspecção, retórica ou ainda os consolos úteis (e costumeira mentira dramática) de um pensamento minimamente articulado.
A única significativa excepção de enrugar a superfície do naturalismo (que, no geral, sempre considerei um charco estagnado, onde as ovas nunca chegarão a gerar girinos, muito menos sapos e príncipes) foi a minha decisão prévia de insistir que as crianças fossem representadas por adultos. Quase escrevi “crescidos”, mas percebi então que estava a falar de actores, que muito provavelmente devem a parte mais significativa do seu talento ao narcisismo devastador do “Olhem para mim!”, que mantém a maioria deles – incluindo os octogenários – enredados numa adolescência emocional.
Dennis Potter – In "Blue Remembered Hills and Other Plays". London: Faber and Faber, 1996. p. 39.
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