terça-feira, 21 de junho de 2011

Desejo Sob os Ulmeiros em cena no Teatro Carlos Alberto entre 24 de Junho e 3 de Julho



de Eugene O’Neill
tradução Jorge de Sena
encenação Nuno Cardoso
cenografia F. Ribeiro
figurinos Cristina Costa
desenho de luz Pedro Carvalho
sonoplastia Luís Aly
assistência de encenação Victor Hugo Pontes
interpretação Afonso Santos, António Capelo, Catarina Lacerda, Cláudio Silva, Pedro Frias
co-produção Ao Cabo Teatro, ACE/Teatro do Bolhão

“Não encontro no meu bloco de notas qualquer vestígio da ideia que lhe deu origem. Acordei simplesmente com a peça na cabeça.” Vinte anos volvidos sobre a escrita de Desejo Sob os Ulmeiros, Eugene O’Neill não era capaz de explicar a génese da peça que escrevera em 1924. Talvez uma tal incapacidade decorra das raízes remotas deste drama familiar inscrito no cenário oitocentista da Nova Inglaterra, marcado tanto pelo puritanismo religioso como pela desenfreada corrida ao ouro da Califórnia. Raízes que se entranham na tragédia grega – os temas do incesto, do infanticídio e do conflito que opõe pai e filho parecem extraídos das peças de Eurípides e Sófocles – e nas Sagradas Escrituras (não há apenas citações bíblicas, mas também personagens em carne viva, violentamente apaixonadas e contraditórias), bem como na tortuosa história familiar do escritor, o primeiro dramaturgo norte-americano a receber o Prémio Nobel. Mas Desejo Sob os Ulmeiros é mais do que uma câmara de ressonâncias literárias, religiosas e psicanalíticas: depois de concluir a sua trilogia tchekhoviana (a Platónov e A Gaivota seguiu-se, recentemente, As Três Irmãs), Nuno Cardoso encena um texto duro como granito – “Deus é duro, não é fácil!”, repete o velho Ephraim Cabot –, que questiona o sonho americano e nos confronta com personagens que se desmascaram, devoram e amam.

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