segunda-feira, 13 de junho de 2011

Desenhos de Ângelo de Sousa no Espaço Gesto até 30 de Junho



ESPAÇO GESTO - Rua José Falcão, 107
de segunda a sábado das 10h às 19h


DESENHOS de ÂNGELO DE SOUSA

Não parto de nenhuma ideia de Arte. Parto de algumas coisas que faço, o que é diferente. Ou que posso fazer...

Pensar uma exposição para iniciar um novo ciclo, no Espaço Gesto, agora numa nova morada, impele a um olhar para o que há-de vir. Sem determinar o que virá a ser feito, sabe-se que o início, estado inocente de partida, é marcado pelo desejo, moldado pela ambição do tempo que se abre. Partir com a melhor possibilidade, sair com um dos nossos, o melhor dos nossos, com quem sempre enfrentou o que há-de vir com a ousadia de não se quedar com o já feito, o descoberto, o experienciado, amarra-nos a essa inventividade perma- nente, e alaga-nos de um contentamento fortalecedor.

(...) Ou eu quero, ou então não quero. Se não quero, não faço. Acabou-se. quando quero parar, paro. Quando vou fazer desenhos não sei o que vou fazer, nem o que vai aparecer. Simplesmente quero fazer desenhos. às vezes, para relançar o motor, pego em desenhos antigos, ou feitos à meses atrás, ou à anos, só para retomar qualquer coisa e depois, daí por diante deriva para qualquer coisa e depois, daí por diante deriva para outra coisa qualquer, quando corre bem. E depois dá para estar assim uns meses a fazer isso - e em quantidade, eventualmente. (...)

Um jogo de laços e coincidências nos liga a Ângelo de Sousa: a sua presença no momento fundador da GESTO; a sua eterna cumplicidade com nossas derivas que alargaram as geografias por onde nos movíamos e nos levaram a África, onde percor- remos espaços da sua infância (Ilha de Moçambique e Maputo); as conversas sobre as viagens realizadas; a sua bonomia perante a nossa solicitação contínua de edição de obra impressa; os seus desenhos oferecidos que nos permitiram ampliar a nossa acção intercultural; a sua exposição de serigrafia, intitulada GESTOs que encerrou a nossa anterior morada; a sua presença nas nossas vidas.
Declara-se, pois, numa transbordância de emoção, ser esta a exposição que desejávamos, para numa nova relação aberta com a cidade nos mostrarmos, com a nossa simplicidade e discrição, irreverência e indisciplina, como uma entidade promo- tora de espaços de interculturalidade, firmemente enraizada na força da nossa amizade e na alegria do caminhar conjunto.

Sim. Aquilo é um desenho, no fim de contas. Simplesmente é um desenho que decorre da maneira de pintar, da maneira que um quadro é pintado.

textos de Ângelo de Sousa, retirados de entrevista conduzida por Bernardo Pinto de Almeida,para o catálogo da exposição 'Ângelo, 1993 uma antologia', editado pela Fundação de Serralves.

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